quem sou eu

6.12.07

em sua terra ela ainda muito ressoa



Ela repousa sob os braços que se modelam para abraçá-la.
Pode ser boneca por ser adorada pelos que a têm no colo. É uma senhorita com elegância e respeito que uma donzela gosta de instruir. Esbanja charme e junto com ele esparrama beleza e trejeitos tão únicos que se interceptam com a velocidade dos dedos mas também com o som de um lento respirar. Ela pode ser vermelha se for sanfona, ele pode ser escuro se for um acordeon.
Tão peculiar e complexo, esse instrumento vem chamar atençao do olhar do passante, do passante que anda, passeia por muitos países e encontra em todos os foles de povos diferentes, a sua unidade e também a sua diversidade. Ela é única. Ele só pode ser tocado se houver um casamento; quando casam movimentos do corpo, de cada parte pequena, dedos, mãos, num crescente ante-braços, bíceps, ombros, escápula, dorso e seu segmento ascendente ao pescoço. Casam-se pensamentos e capacidades, sentimentos e improvisos, melodias e harmonias, timbres e tons, amor e dor, dança e lentidão, sonho e sonorização. É o casamento de todos os elementes presentes, oriundos da comunhão harmônica, que fica perto do coração.

O carregar da sanfona na Itália traz a sensação de que é a melhor companhia para uma praça com sol, para uma rua de pedras com pés que pisam todos os chãos, para um céu que se abre em azul e sobrevoa o tempo que existe na música em execução. É bonito de ver os mais velhos com sabedoria a distraírem-se com ela no colo, ouvindo suas próprias canções, que provavelmente continuam a dar sequência à uma tradição de gerações, e que permanece no seu berço madrigal, popular e oral. Está sempre nos braços dos que acariciam o povo sem tocá-los efetivamente, mas cobrindo-os com uma manto de saudação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gênova - Abril 2007