quem sou eu

14.9.08

Foram longos os poucos dias

Canta a alma
embebida de luz
na varanda com sol.
Fita as folhas dancando
por detras do muro branco,
estao banhadas pelos raios
amarelecidos de uma estacao
que chega ao fim.

O verao foi suave,
dias claros na retina
vespertina.
Foi salpicado de briza
varrendo o ceu
sutilmente
como uma renda de nuvem
transparente.

O calor brando tocou
a pele, mao de seda
acariciando a nuca
num leve sopro;
os fios de cabelos
rocando as orelhas;
o coque ao topo da cabeca
enrolado com um laco de flor
tomando vento.

Numa manha de verao
colheram rosas e lirios
e enfeitaram a mesa
da cozinha.
O cha fumegante
na xicara ao lado do vaso
envolveu os aromas-
as ervas, as flores.

Sempre alguem oferecia
cafe.
Sempre em dia de sol
moviam-se com liberdade
os pes,
nus, umidecidos.

Foram longos
os poucos dias quentes
da estacao que traz
estado de euforia.
Aqui na ilha de nuvens chuvosas
e' raridade azular
por dias sucessivos,
e' como sombra no deserto,
quando se lhe avista,
tao rapido o corpo
dela se aproxima.

Hoje o sol atravessou
os telhados, saltou os muros,
espiou por entre as frestas,
apoiou-se nos cilios,
sagradamente
irradiou sanidade.

Nenhum comentário: