O pequeno sol apenas se espontara
com um brilho miudo, quase infantil
quando as moças ja haviam amarrados suas vestimentas
e se puseram a caminhar com o vaso
envolta dos alongados braços
ao atravessar os campos,
a luz do sol que se levantara
se lhes dourava os flancos
e reluzia a erva orvalhada
pelo frescor da madrugada
chegando ao rio, sentado o rapaz estava
em sua cadeira de palha
com o bege turbante à cabeça
e o sorriso aos labios em ar de graça
"Bom dia, seu moço corado da luz do sol,
pois viemos do alto da serra apanhar esta água
para nossa longa jornada"
"Belas raparigas, que prazer me vos trazeis
neste iluminado amanhecer,
quereis cantar-mo uma linda cantiga
pra modi deleite me perfazer..."
"Pois bem seu rapaz, aqui é a boa hora
quem vos exprime, nao há tempo
para jogos e enfeites, enche-nos este vaso
que ainda buca-lo-emos o leite"
E quando as costas das moças aos olhos do
guardador das aguas se afigurou,
acenou um adeus com as mãos
o rapaz que ainda sorria.
O sol pequeno "shamusa" se expandira,
logo o sol maior "shams" dominara o céu
espalhando luz por toda a aldeia,
pela serra, pelos prados, pelo leito do rio....
*versao adaptada da cantiga árabe cantada por Abdul Salam Kheir em sua casa, Londres 2011.
Um comentário:
Cara Aurora, que bacana seu comentário! Seria bárbaro ouvir essas canções. Tens um podcast disso? Ótimos textos, por sinal, neste seu, ou sua, luccedellamatttina. Espero mesmo que minhas imagens tenham um pouco do espírito de celebração maravilhoso que o sabar evoca. Abraço grande!
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