quem sou eu

22.6.16

O cliente

Emprestou o que era amor e dor,
os importou de um lugar longíquo
onde o horizonte era largo e azul escurecido.
A que serviu o empréstimo, não soube bem dizer;
se a delirar a prestações
se a tentar escapar de estimado juros
se a liquidar o que a vontade cobiçava
se a parcelar a imagem que reaparecia.

Por quais meios se fizeram a importação destes bens
- se bens tão primários se manifestam no ato de parir -
pois alguém se beneficiou do que se dera
do que fora, do que já era;
viera de um lugar remoto
onde o mar se perdia de vista.
Os produtos puderam ser avaliados,
tiveram apreço, desconcerto,
quiseram devolução e troca
e nada se pode fazer.

De amor e dor
mais um cliente se recompõe.


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