quem sou eu

9.1.09

Descortina do mundo

por onde andam os passos que guiam os olhos
cujas pálpebras semi-cerradas enchergam na escuridão
o vazio da falta de esperança

de quem são os pés magros
que caminham diante da dor
do cenário de sangue, tortura, terror

o olhar traz o mundo dentro
contido como uma semente morta
que caiu na terra e secou na amargura

a lágrima que escorre é pouca
pra lavar a doença que contamina
outros olhos, outros pés, outras vidas

ninguém pode mudar o olhar daquele
que desespera
será?
e aquele vulto que passa no semblante da noite?

é o amor?
sim, trazendo paz
mas vagueando sem por nenhuma porta conseguir entrar.


2 comentários:

aurora disse...

ilustração de Maurício Negro em www.mauricionegro.blogspot.com

Anônimo disse...

Oi Aurora,

visitei seu blog a seu convite e achei a minha menina dos olhos debruçada na janela do seu belo poema. Que bacana isso! A imagem nasceu da prosa do André Neves e aqui você a retransformou em poesia. Que coisa inesperada. Gostei disso!!! Por sinal, era história de gente que vira lobo...

Abração e arrivederci!