A pequena harpa estava em minhas mãos enquanto eu caminhava por entre as pessoas no vilaregio. Emitia um som doce, suave. Eu a olhava e a tocava sem me ater às sequências harmônicas combinadas. Precisava entregá-la ao músico daquela noite, naquele festival de música intrumental. O músico que a tocaria era um caro amigo meu, que não tem a harpa como seu intrumento na vida fora do sonho, mas aqui ele a tocaria. Eu, porém, não conseguia encontrá-lo. Não havia angústia no entanto. Houve a certeza de um encontro antes que ambos subissem ao palco; a harpa e seu tocador.
O sonho acordou-me assim, com o som da lira ao longe, como um túnel de seda que vai se desmanchando lentamente até desaparecer com os olhos abrindo-se ainda sonados no amanhecer de uma cidade com montanhas de areia no fim da rua,e logo depois das montanhas, o imenso mar. No dia seguinte o amigo músico inusitadamente telefonou quando estávamos na praia. Na volta,ao ver seu número grafado no celular, lhe escrevi a mensagem "Tinha uma harpa no meu sonho para suas mãos". Em menos de cinco minutos uma mensagem dele apareceu no meu visor: "Inesperadamente, uma harpa veio parar em minhas mãos dias desses".
O sorriso ivadiu-me como o sol na parede do quarto às sete da manhã.
Permanceu, alumiado.
Na semana seguinte, entrei na sala da minha professora de canto, e perto do piano havia uma caixa de madeira, que nunca estivera ali antes. Perguntei se era algum instrumento. Ela disse que era uma harpa. Abriu a caixa, lá estava ela com as cordas finas prateadas como o brilho da ponta das estrelas, esticadas por uma clara madeira cor marfim e, calmamente a harpa veio parar em minhas mãos. Do sonho, para minhas mãos.
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