"...vi tão sem brio
e o breu se riu
sorriu
seguiu
e a lua pérola
a se desnudar
de vulto firme
tal farol que é
luz toda luz
reluz
transluz..."
(lincoln e ney mesquita)
quem sou eu
16.8.10
10.8.10
sagrado segredo
um proverbio chines diz que quem tem um segredo deve andar num bosque, escolher uma arvore, cavar um buraco nela ou perto dela e sussurrar o segredo la dentro. depois deve tapa-lo e esquecer pra sempre que um dia existiu.
aquele homem passou anos da vida repetindo este proverbio a alguns poucos amigos. os amigos entao lhe diziam: "ora, podes me contar, eu guardo o segredo" e ele respondia que nao tinha segredo algum para contar.
muitos anos depois, em sua ida as ruinas nos templos em cambodja, aproximou-se de uma das paredes feitas com centanarios tijolos pesados e um tanto gastos com aspecto de abandonados, sussurrou no buraco seu segredo. nao o tapou.
ha muito tempo que vivia da relembranca de um amor no passado, no entanto ja nao mais o enxergava nitidamente. tinha a impressao de te-lo sonhado.
a mulher continuara casada com seu marido mas agora tinha um filho.
9.8.10
des-pre-ten-der
quero publicar um livro. nao para ter o prestigio de ver a capa na vitrine da livraria que tem o cafe' mais bacana da cidade; nao pra sair na critica do jornal mais lido da cidade, ensaios perfeccionistas feitos por aqueles escritores terceirizados que fumam feito chamine. quero publicar um livro para poder apreciar seu meio, seu feitio, passar horas, noites, alvoreceres, entardeceres preenchendo paginas, buscando palavras no fundo do cerebro, la dentro onde quase ninguem tem acesso, onde a abundancia de pensamentos jorra incessantemente como fonte em praca publica.
a trama sendo tecida fio por fio, linha por linha, em paragrafos maiores, em capitulos com nomes de lugar, de objeto, de pornografia. quantas serao as historias de amantes dentro da vida do personagem que o narrador quiser inventar. tudo que ele quiser viver e encontrar no futuro, tudo que na vida e' sempre um risco de se correr. tudo pode acontecer minuciosamente elaborado, como tudo pode vir a ser uma tremenda coincidencia que ganha certo sentido depois que o tempo passa. Ou na hora mesmo em que esta' se passando.
Um grande sabio disse-me outro dia que o tempo esta' sempre la, quem passa somos no's. que o tempo nao se segura e que muito menos somos segurados por ele. me proferia estas palavras com um sorriso despretencioso exatamente quando ele chegou na estaçao de trem onde eu o esperava em tom bufante e inquieto, estive a conversar com meus pes de um lado pro outro na curta porem longa espera, xingando nao sei quantas palavras porque ele estava fazendo-me atrasar para um ensaio. quando ele terminou sua curta sentença, virei-me, dei-lhe as costas, desci as escadas, com um ligeiro riso sinico. Ainda esbaforida, tinha de comprar o bilhete do trem. Acaso ou sorte, quando sentamos no vagao, o tempo juntou-se a no's, na mesma velocidade do trajeto, no mesmo batimento do peito. Entao o grande sabio recitou poemas, contou piadas, leu versos, entoou proverbios, apontou o dedo para cima e colocou as maos sobre as minhas.
Um outro grande poeta me escreveu: o tempo e' gordo. acreditamos tanto na precisao com que devemos usa-lo, entretanto de repente nos damos conta de que aquela pressa toda ja virou outra profissao, outro filme, mais um filho, outro livro, mais uma viagem e que assim tudo e' passivel de acontecer. Esse mesmo poeta ja pensou o que um dia eu lhe propus; publicarmos uma coletanea de poemas-temas - como por exemplo, poemas cujos versos tem apenas e sempre a mesma consoante inicial. sao feitos de palavras e frases inteiras que metaforizam a imagem ao que se pretende dizer em certa poesia. Ha alguns anos nos demos conta, fazemos assim: um mesmo momento por no's vivido vira verso na mao do outro e sempre temos uma variacao de abordagem do mesmo tema. Por isso poemas-temas.
Enquanto vou conhecendo o mundo, abraço novamente quem nele pisa. Reencontro de outras almas, camas de lençol amarelado, colchao velho de molas e paredes descascadas. Mas na varanda sempre ha flores enquanto nao faz muito frio. Na estaçao do frio elas secam, na primavera renascem, como um milagre. Com um miraculo de gotas cintilantes e bordadas, com som de gotas de orvalho na gruta pouco iluminada, transparencia da agua, escuridao do buraco. No tunel de meu ventre habita uma serpente. Ela no entanto dorme enquanto o tocador nao vem armar a tenda de seu circo. Ela participa do espetaculo quando ele vem. Ela nunca sabe quando ele vai vir, mas ele sempre diz que um dia chega.
Assim chega mais um dia, mais uma noite se vai. Mais uma pagina pode vir a ser completada. O tempo e' largo e os sonhos mais ainda.
a trama sendo tecida fio por fio, linha por linha, em paragrafos maiores, em capitulos com nomes de lugar, de objeto, de pornografia. quantas serao as historias de amantes dentro da vida do personagem que o narrador quiser inventar. tudo que ele quiser viver e encontrar no futuro, tudo que na vida e' sempre um risco de se correr. tudo pode acontecer minuciosamente elaborado, como tudo pode vir a ser uma tremenda coincidencia que ganha certo sentido depois que o tempo passa. Ou na hora mesmo em que esta' se passando.
Um grande sabio disse-me outro dia que o tempo esta' sempre la, quem passa somos no's. que o tempo nao se segura e que muito menos somos segurados por ele. me proferia estas palavras com um sorriso despretencioso exatamente quando ele chegou na estaçao de trem onde eu o esperava em tom bufante e inquieto, estive a conversar com meus pes de um lado pro outro na curta porem longa espera, xingando nao sei quantas palavras porque ele estava fazendo-me atrasar para um ensaio. quando ele terminou sua curta sentença, virei-me, dei-lhe as costas, desci as escadas, com um ligeiro riso sinico. Ainda esbaforida, tinha de comprar o bilhete do trem. Acaso ou sorte, quando sentamos no vagao, o tempo juntou-se a no's, na mesma velocidade do trajeto, no mesmo batimento do peito. Entao o grande sabio recitou poemas, contou piadas, leu versos, entoou proverbios, apontou o dedo para cima e colocou as maos sobre as minhas.
Um outro grande poeta me escreveu: o tempo e' gordo. acreditamos tanto na precisao com que devemos usa-lo, entretanto de repente nos damos conta de que aquela pressa toda ja virou outra profissao, outro filme, mais um filho, outro livro, mais uma viagem e que assim tudo e' passivel de acontecer. Esse mesmo poeta ja pensou o que um dia eu lhe propus; publicarmos uma coletanea de poemas-temas - como por exemplo, poemas cujos versos tem apenas e sempre a mesma consoante inicial. sao feitos de palavras e frases inteiras que metaforizam a imagem ao que se pretende dizer em certa poesia. Ha alguns anos nos demos conta, fazemos assim: um mesmo momento por no's vivido vira verso na mao do outro e sempre temos uma variacao de abordagem do mesmo tema. Por isso poemas-temas.
Enquanto vou conhecendo o mundo, abraço novamente quem nele pisa. Reencontro de outras almas, camas de lençol amarelado, colchao velho de molas e paredes descascadas. Mas na varanda sempre ha flores enquanto nao faz muito frio. Na estaçao do frio elas secam, na primavera renascem, como um milagre. Com um miraculo de gotas cintilantes e bordadas, com som de gotas de orvalho na gruta pouco iluminada, transparencia da agua, escuridao do buraco. No tunel de meu ventre habita uma serpente. Ela no entanto dorme enquanto o tocador nao vem armar a tenda de seu circo. Ela participa do espetaculo quando ele vem. Ela nunca sabe quando ele vai vir, mas ele sempre diz que um dia chega.
Assim chega mais um dia, mais uma noite se vai. Mais uma pagina pode vir a ser completada. O tempo e' largo e os sonhos mais ainda.
6.8.10
mais uma despedida.
vai ser assim pra sempre?
as lembranças mais doídas são aquelas que diz o tempo: "nao se engane, é hora da partida"
quem fica chora. quem parte vê outra paisagem. e na outra paisagem vê o por-do-sol. na mesma paisagem, quem resta não sabe onde procurar o sol, tanta nuvem encobrindo.
foram os dias mais lentos, aqueles que culminam com a breve saudação de adeus e até a próxima vida.
porque cada um leva uma vida, até que elas se encontram, se provam juntas por tão pouco. e parece muito.
no centro da terra, a linha tênue do que separa um sentimento do outro.
do que parece sonho e do que é realidade.
do que quer permanecer e sabe que não vai tão cedo regressar.
o solo está queimado com a falta de chuva. mas as árvores mais altas tem troncos fortes pra carregá-las se quiserem esconder-se do vento - elas sempre querem.
então lembraram-se da história de Cosmo, o menino que decidiu subir nas árvores e viver lá pra sempre, tornou-se o Barão das Árvores, porque a vida sempre exige que alguém se faça presente onde estiver e tome liderança para viver bem, se alimentando bem, discutindo bem, defendendo ideias, ideais melhores ainda.
a partida chega, e assim não tem como o trem não seguir. Ele segue.
vai ser assim pra sempre?
as lembranças mais doídas são aquelas que diz o tempo: "nao se engane, é hora da partida"
quem fica chora. quem parte vê outra paisagem. e na outra paisagem vê o por-do-sol. na mesma paisagem, quem resta não sabe onde procurar o sol, tanta nuvem encobrindo.
foram os dias mais lentos, aqueles que culminam com a breve saudação de adeus e até a próxima vida.
porque cada um leva uma vida, até que elas se encontram, se provam juntas por tão pouco. e parece muito.
no centro da terra, a linha tênue do que separa um sentimento do outro.
do que parece sonho e do que é realidade.
do que quer permanecer e sabe que não vai tão cedo regressar.
o solo está queimado com a falta de chuva. mas as árvores mais altas tem troncos fortes pra carregá-las se quiserem esconder-se do vento - elas sempre querem.
então lembraram-se da história de Cosmo, o menino que decidiu subir nas árvores e viver lá pra sempre, tornou-se o Barão das Árvores, porque a vida sempre exige que alguém se faça presente onde estiver e tome liderança para viver bem, se alimentando bem, discutindo bem, defendendo ideias, ideais melhores ainda.
a partida chega, e assim não tem como o trem não seguir. Ele segue.
Alimento pra todos os sentidos
Ando precisando de poesia. De homens poetas que saibam rimar e descombinar versos;
de homens que saibam usar as palavras como sabe combinar cores uma mulher;
preciso de versos de quem se joga na noite, sonha de olhos abertos, dorme olhando pra lua, senta com a poltrona virada pra janela, cozinha e faz uso de ervas caseiras preferencialmente plantadas no horto dos fundos;
tenho sede de versos doces e descabelados; de versos picantes e desarmados; de versos trágicos e encantados.
Quem mais poderia um verso me oferecer senão os poucos poetas que vim a conhecer? O Bandeira carrego na bolsa, o Drummond pousa na estante, o Pessoa na cabeceira da cama, o Sabino sempre pra lá e pra cá. Mas eles estão empaginados. Tesouro de paginas, sim sabemos. Mas os vivos poetas, de carne e osso e olhos que me olham, esses quero provocá-los. Deles receber poemas diários, feitos no supetão da inspiração, no estimulo da vontade, na desgraça da tristeza, na dor de quem se sente magoado, na felicidade de quem ama com simplicidade.
Alguém? algum? sim, alguns, graças a deus. Sempre das duas mesmas pessoas, que os outros parecem não ter coragem. Ou dignidade pra fazer a coisa mesmo.
de homens que saibam usar as palavras como sabe combinar cores uma mulher;
preciso de versos de quem se joga na noite, sonha de olhos abertos, dorme olhando pra lua, senta com a poltrona virada pra janela, cozinha e faz uso de ervas caseiras preferencialmente plantadas no horto dos fundos;
tenho sede de versos doces e descabelados; de versos picantes e desarmados; de versos trágicos e encantados.
Quem mais poderia um verso me oferecer senão os poucos poetas que vim a conhecer? O Bandeira carrego na bolsa, o Drummond pousa na estante, o Pessoa na cabeceira da cama, o Sabino sempre pra lá e pra cá. Mas eles estão empaginados. Tesouro de paginas, sim sabemos. Mas os vivos poetas, de carne e osso e olhos que me olham, esses quero provocá-los. Deles receber poemas diários, feitos no supetão da inspiração, no estimulo da vontade, na desgraça da tristeza, na dor de quem se sente magoado, na felicidade de quem ama com simplicidade.
Alguém? algum? sim, alguns, graças a deus. Sempre das duas mesmas pessoas, que os outros parecem não ter coragem. Ou dignidade pra fazer a coisa mesmo.
5.8.10
versi al vento
"tu mi hai lasciato nelle mani un profumo diciamo cosi molto intimo e nall'animo una forza che mi sento carico come una bomba".
"L'avion va vole bientot, il va vole sur le montaigne e sur la mer, sur le bonne chose de la nature...mais tu, un peau va voler aussi avec moi, dans le coeur et dans mon bon memoire.
"Indietro o ha lasciato solo un pezzeto di cuore e tanta felicita"
"sei magia e meraviglia zingara"
"Inutile dire che nel letto con te la vita sarebbe un'emozione unica ed intensa al completo richiamo dei sensi...inutile dirti che affianco a te si impara il coraggio di vivere la vita con coraggio...inutile dire tutto sei selvagia e divina, la tua bellezza mi invade tutto come spuma che bagna la spiaggia"
2Grazie a te per l'assoluta sincerita che mette in secondo piano le tristezze i sogni e il dolore di un cuore che ama. sei una persona magica e per come sei io ti stimo e ti desidero come sempre".
"L'avion va vole bientot, il va vole sur le montaigne e sur la mer, sur le bonne chose de la nature...mais tu, un peau va voler aussi avec moi, dans le coeur et dans mon bon memoire.
"Indietro o ha lasciato solo un pezzeto di cuore e tanta felicita"
"sei magia e meraviglia zingara"
"Inutile dire che nel letto con te la vita sarebbe un'emozione unica ed intensa al completo richiamo dei sensi...inutile dirti che affianco a te si impara il coraggio di vivere la vita con coraggio...inutile dire tutto sei selvagia e divina, la tua bellezza mi invade tutto come spuma che bagna la spiaggia"
2Grazie a te per l'assoluta sincerita che mette in secondo piano le tristezze i sogni e il dolore di un cuore che ama. sei una persona magica e per come sei io ti stimo e ti desidero come sempre".
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