quem sou eu

5.5.11

Queria com as palavras mais bonitas e sinceras, com a ajuda da alma,com a sutil calma que pousa num coracao feliz agradecer a vida, que tanto e de tudo nos da'. Hoje nao posso. Quando olho pela janela do trem passante, as ruas desertas, as casas sempre com as cortinas fechadas, os quintais vazios, os portas fechadas; as poucas criancas que caminham nas calcadas, raras senhoras a comprar o pao, nenhum velhote no bar, existira' alguem com uma rotina normal andando em direcao 'a lanchonete ou a banca de jornal...hoje nao consigo agradecer porque a dor no coracao e' tao grande que ofusca o brilho de qualquer luz. Tudo pode sempre ser mais simples, os mesmos lugares, os mesmos amigos, mas como estao ausentes as coisas queridas? Moro aqui, dentro de mim mesma, onde encontrarei os sonhos da verdade nos meus olhos caidos?
Com as maos e um punhal, ferida. Nao ha sangue, beleza rubra esta' escondida. Cantando so', como uma cigarra, sobrevivente de uma noite sem lua, para renascer queira entoar uma serenata? Nao sei ao certo que dor e' essa, que vontade de viver em cada flor e no entanto parece chuva que castiga. Nao quero ressentir sem agradecer, por tudo, por tanto amor, por cada petala, mas hoje perdi o encanto.

4.5.11

"Para todas as coisas dicionario,
para que fiquem prontas, paciencia"
Diariamente. Acordar, agradecer, contemplar, relembrar da vida que todo dia recomeca ou continua, a mesma ou um pouco diferente, depende de quantas coisas simples, boas, importantes ou naturais aconteceram no seu dia.
Ontem falamos sobre a memoria, e o quanto o prosseguir da vida e' feito dela ou atraves do que ela processa a cada segundo e armazena. Imagine se ao acordar nao se lembrasse de nada; exclusivamente um branco ocupasse tudo o que se sente e pensa numa manha silenciosa e ensolarada enquanto a casa ainda dorme e quem acorda primeiro fica lentamente percebendo se ha alguem acordado.Entre o levantar-se e o girar-se de um lado a outro na cama, acontece o resgate das coisas almejadas naquele dia, das que ficaram por fazer, das que foram cumpridas, das que ainda merecem a devida atencao e dedicacao; a consciencia vai guanhando forma de quem esta' ao lado, quem esta' longe, quem ainda vive, alguem especial que ja se foi, de alguma musica ou uma oracao. Quando se acorda e a memoria que pouco dormiu - caso estivesse sonhando profundamente -, faz-se presente de uma maneira muito sutil mas muito marcante, imaginar a falta de memoria num momento de despertar dos olhos num dia e' ver o cenario desmontar-se num piscar. Nao ha o que continuar, nem melhorar, nem o passado, nem bem o presente, que e' a soma de tudo que vem sendo feito. Nao ter memoria e' estar vazio, por completo.