quem sou eu

23.7.09

In the hours of meditation

A insatisafacao e' um bicho feroz, de garras afiadas que talha nacos de carne e faz sangrar em dor. Tem um bico comprido e fino que se intromete nos espacos estreitos do julgamento, perfurando-lhe o senso. Tem olhos esbugalhados que distorcem a visao de um olho sa, com vasos dilatados saltando pra fora do globo ocular.
A insatisfacao deveria ter asas imensas pra voar pra bem longe ao inves de ser pesada como chumbo e lama, afogando em prantos quem recebe seu peso, sua persuasao. deveria ser clara como a brisa, leve e macia para soprar no ouvido e saber guiar os passos, mas ela e' marrom e cinza, com pedras disformes que nunca se dissolvem, insistem em esmagar-te e ismiucar a beleza da simplicidade.
Se uma pessoa nos ombros carrega essa criatura, sempre ferida estara'. Sempre com olheiras cansadas, como se nao tivesse Deus por perto. In the hours of meditation, esta' escrito: "Tente nao querer tornar-se o mestre e o master. Nao existe o tornar-se. Voce e' arte e alma. O progresso acontece com o tempo, mas a perfeicao esta' dentro da eternidade".

22.7.09

Vis(i)ta pro mar



a crianca que olha o mar
sente os ventos que vem de longe
ve lento o barco a navegar
levanta o dedo e aponta as ondas a tilintar

a cor do mar ao sul nao e' verde
como os olhos dela a girar
vagueia o horizonte, avista uma torre
o farol 'a noite vai alumiar

as pedras encobrem a areia
a crianca quer tambem ver a sereia...
como seria se com suas nadadeiras
se aproximassem da beira?

lanca as pedrinhas nas ondas
sorri e lanca os pes na agua
faz cacarecos, pula, molha
e corre da espuma que rola

vai brincar, no mar nao vai entrar
vai correr, na beira do mar vai se ater
basta que o mar lhe diga:
obrigada pela tua visita!

ojue!

o que quer que a vida seja, sorriso ha'
deixo me levar dentro deste perto olhar
quando cantas vem tua beleza me acariciar
redondilhos sao teus versos a me rodear

tua voz beija as palavras que de ti
saem como uma danca de improviso
e no semblante da noite quer me abracar

com teu violao chama teu santo pra ca
te ilumina, te inspira, quem vem la'
sorrindo de tua sombra logo vai se achegar
com tuas cantigas faz o coro entoar

assim ao meu lado nenhuma cancao tua tera' fim
o dia amanhecera' e outra luz refletes em mim
sete dias para me acompanhar tua imagem assim.

19.7.09

as cores das linguas

primeiro poema livre feito por 4 pessoas de paises diferentes, amigos no mesmo quarto empuleirados numa so' cama. a regra era escrever, dobrar a folha e passar adiante. cada linha, uma pessoa. aquilo deu nisso:

Arco-iris, hearts that blend and thoughts a breeze
La notte e le stelle son belle belle e fricicarelle
Visitando los reinos de la espontaneidad se libera el espiritu del abrazo del ego
Beleza das cores que se dissolvem nos sorrisos que saem de cada olhar

Ahora ya! Posa un po' quei bagagli..vieni a salutare il mare!
I am what I am, you are what you are. He is what she is what she is...we are!
Hahahahaha..who cares? tell me, who cares? I care infact.
Dipingiamo le nuvole che passano tra le dita come la brezza di una memmoria nel tempo

I am in the now, combattendo quell' ombra (the shadow) che devo imparare ad amare
I am what you are..so sit back and relax...
Todo tiene un final, everything has an ending, tutto finisce..and then..
Con los colores de todos los idiomas prosseguimos por todos los caminos (con todos los cantos).

Frutos

a arvore da vida continua quando as folhas renascem verdinhas, vindo espiar o ceu.
despontam reluzindo a espontaneidade da vida que brota, em instantes amadurece, cresce com o proceder natural das existencias todas.
as folhas que caem na estacao anterior sao as perdas que a terra aduba, pouco a pouco, dia apos dia. muito lentamente sao absorvidas e deixam apenas um rastro transparente do que secou e foi vida em outros tempos.
o ir e vir como ciclo que traz alegria e leva tristeza ou leva a outra e traz uma. poder abrir os olhos depois de um sonho quase real e perceber a chegada de algo novo, nem ainda nascido, germinando no ventre e' presente que tende a ser abencoado, sem duvidas.existem milagres que de tao nitidos misturam-se a agua, ao ceu, ao mar. o mar que recebe o corpo de quem sabe amar.

7.7.09

Flor de maitá

Maitaca que palras tão alto assim,
por que voaste para longe de mim?

Tinhas o cume da cabeça vermelha
Pairavas sobre a ramaria de folhas tenras
Te alimentavas de coco de palmeira

Dentro de teu ninho em tronco oco
deitavam-se lhe caidas penas
de teu robusto e alongado corpo

Colhi-te frutos de imbaúba
Lancei-te os brotos mais maduros
Vi eriçar-te delicada pluma

Hoje ao acordar, não ouvi-te galrar
Sem fazer ruido, voaste maitaca
Mas as penas que deixaste, ir-se-ao aflorar



Flor de maitá
ca'stá.

6.7.09

voam-se penas

um passaro perdia suas penas
que caiam uma a uma e voavam para
o lugar sem fim onde o olhar nao alcancava

este passaro amolecia em minhas maos
e lentamente perdia as cores contidas
nas mesmas penas que se desfaziam

sofria a perda,
consumia sua dor.

fechava os olhos diante da claridade do dia
no quintal de folhas verdes,
onde tambem um cao o observava quieto

voar nao mais parecia viver.
a vida minguando sem um porque.

entregue ao seu destino,
tombou a cabeca ja quase sem forcas
e no calor das palmas,tristemente adormeceu.