quem sou eu

28.2.16

I'll see you in my dreams*

I'll see you in my dreams
as broken gleaming particles of crystals
sharp thin crispy crushed bits
creep into my flesh
despite that's no blood for the sorrow.
Water is dripping from sky
perhaps it's an eyewitness cloud
just burst out laughing towards the remains
might have I just dropped the fragility
of this content
and still I can it all retain

I'll see you in my dreams
scattered over the stairs
no one is around sooner than
the moon lightens up the night
so I can sweep away the brittle fragments
that are about to grasp various layers of my tissues
Shall them pass from sight
be mislaid
leave a forgotten trace.

*inspired by Django Reinhart's "I'll see you in my dreams".






24.2.16

Excesso

Será que foi algum feitiço
o que deixaste em mim?
foi amor
foi excesso de calor
foi sede e fome
foi água e cheiro
foi pele e sabor
foi suor e lágrimas
milagre foi
foi-se um dia
foram-se mais dois
foi o que sinto
sinto o que foi
não o deixo ir
embora já o fostes
nem de ti sei
o que sentes
não digo
a mim repito
me insisto
fecho os olhos
longo suspiro
foi o quê?


22.2.16

A 1.000 senses

The see-thru passage has never looked like a collage as it seems today
just when my feet go one step after the other
there's hunger for swerving off the tiles
each little corner, a fragment of oneself
each single line, bloodstream in search of a bosom
tree shadows of no windproof
slapping on my face the truth
- yet hidden thoughts -
manic desires being devoured by a single soul
these corridors never looked like portraits of my concrete fears but today
as my hands search for some warmth in my pockets
the lush fields of my skin
thrive for what's beneath
a thousand senses
dankness inside spread, no sun to endeavor neatness
nevertheless a palpable drifting grain thrusts against the wall
has it been detached from the core?
has it become part of an investigation?
it just asks for the freedom to pass
break shell
through sheer persistence.







20.2.16

De passagem, o passante

assim quando chega, despretenciosamente, ou com algum plano em mente
carinhosamente ocupa o espa
ço, lança o olhar terno, se afaga mansamente,
passa silenciosamente, mas sempre deixa um rastro de 'estou aqui, pra você'


e se você nao me vê, estou a espiar pela janela, o céu, os passaros ao longe
e se você nao me ouve, estou a te chamar em pensamento, com a calma que preciso ter.

então o passante passa o dia em busca de intempéries, aventuras, amizades
outros cheiros, outros portões, outras janelas, outras paisagens
sobe e desce a ladeira, atravessa a rua, pula um muro, descobre o outro lado

quando eu voltar, quero te encontrar, te ver debaixo pra cima, tua beleza no alto
quando eu te encontrar, vou me achegar bem perto, tocar teu colo docemente.

durante a noite fica misterioso, tenro, eufórico e atiç
ado,
o que lhe desperta os sentidos seria o som, o escuro, a sombra, a lua?
vem passando, deixa o seu calor, roçando levemente a nuca, a orelha

e num ímpeto, eu arranho a ti e a tua roupa, te rasgo delicadamente a pele,
preciso me sentir vivo, eu quero estar vivo ao teu lado e te amar como posso.

pela manhã o passante adormece, fecha as pestanas como quem não vai abrí-las,
faz preguiça e fica com ar de quem vive de sonhos, em seu próprio mundo,
como se nada importasse, a não ser estar ali, lado a lado, emanando calor.