quem sou eu

26.7.17

Desengano da vista**

Desengano não é ficção
nem ilusão
por uns instantes tudo vibra
a visão se ofusca
o sentir é pelo toque
e depois tudo desaparece
como se não existisse
as vistas enxergam
há delirio
e provocação.
Que gosto tem a liberdade
do tempo que passa
e nos engana com promessas não prometidas
e nos desencanta com o que não é palpável?
Nada à vista depois de carne e osso
fica a melodia,
a linha do intocável
se distancia.
No peito o sopro permanece
mas num lento piscar se esvanece
desengano da vista,
de olhar que desvia
de sonho que cria outros sonhos
de repente outras vidas se pré-anunciam
as mãos seguem firme no swing
tocando conforme a música
o engano nunca é do coração
de quem seria?
Não há engano
nem equívoco
é fogo
que uma hora se abrasa
o que renasce tem vida própria
feto de um amor profundo
e outros amores que virão
clarão nas vistas
desacerto que vira acerto
um tal de seguir tranquilo
Sempre seguir.

Inspirado no som Desengano da Vista de Pedro Santos por Bixiga 70.