Incendeia o fogo de um olhar, estás em chamas e nenhum piscar pode diminuir este brilho incessante.
Transpira de ardor na face, ofusca o branco do céu e clareia a retina de quem ama.
O fogo é o elemento que cria e que também devassa. Se propaga em um segundo, arrasta consigo toda matéria contida no espírito, domina a paixão em furor, arranca a pele da superfície que protege. Queima a dor de uma distância transparente, sem cor por não ser tocada.
Não podes tocá-la pois ela é água, ameniza o fogo, abranda-o, transforma o laranja carmim em cinza de pó que restou. Não, a água não pode inundá-lo neste momento, vai naturalmente escorrer para a terra que lhe dá sustento.
Aqueceste a paixão de uma lenda que criaste pra viver assim, recontando-a para tua própria sombra certeira. É a história que relês a cada dia ao despertar os olhos de sonhos noturnos, é um mito que explica a razão de erguer-te em direção à luz.
Um mito encontra tua existência no outro plano de uma vida não semeada, no entanto, demasiado sonhada. Acalenta uma alma inquieta, ávida por realidades intocadas e permite que o personagem se encante com sua própria voz. O dá liberdade para agir com todos os ímpetos de um coração que não é o seu.Vives o mito fora dele, sabes bem. Assiste tua musa sorrir. Sorri para que ela o veja do palco que é só dela. Fizeste bem em aplaudi-la, ela quer o seu conforto. Mas não o estalido de tuas brasas. Nem tampouco o calor disforme a invadir seu chão.
Um comentário:
Fite a minha barba hipnótica!
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