Pausa.
Ouvir o som da água da chuva, sentir as gotas caindo uma a uma, cada uma com sua particularidade de som, massa, liquidez, densidade. Uma gota que se esparrama e soma-se às outras penetrando-se instintivamente, cedendo espaço a uma serpente em forma de água corrente. O movimento instintivo da água é acolhedor, assim como um corpo envolvendo outro corpo, numa proximidade que permite à matéria agregar-se a outra parte da mesma matéria, formada de pele, poros, força, músculo e por isso quente, energia branda, envolvente, aquecedoramente inebriante.
Se circular significa troca constante, união e desprendimento, dispersar-se em uma direção e reajuntar-se na outra oposição, a água infinitamente consolida sua formação, não precisamente sua forma - já que ela se molda como convém – daquilo que é feita, de elementos que se atraem sem nenhum impedimento. E se a matéria de que são feitos os corpos não possui esse domínio de ligação impulsiva, cienticamente se explica que ela vem acompanhada de uma massa muito maior e mais poderosa que é a mente. Por isso a sábia frase de um escritor “deixem os corpos serem livres, porque os corpos se entendem, mas as mentes não”
Jogando-se em reflexão a tudo isso, por um momento o corpo pede a água em sua superfíce, percebe que não se chocou com a aproximação de outra matéria, então salva-se na água, inunda-se de prazer com essa troca que a água propõe e se lança ao mesmo tempo, não é preciso reagir e nem implorar para que a água o envolva insinuante.
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