Sentada com as pernas cruzadas bem em frente ao seu terapeuta, ela perguntou ousadamente:
- Já se apaixonou por alguma paciente tua?
Ele olhou para o lado, depois voltou seu olhar para ela e devolveu a pergunta com um sorriso no canto da boca, aproximando-se de seu semblante:
- E você, já se apaixonou por algum de seus alunos?
Com o sorriso de lábios fechados, ela nem hesitou:
- Já!
- E então? o que aconteceu? - perguntou ele com interesse.
- Nada! - veio a resposta leve junto com um levantar de ombros.
- Mas...a paixão não foi declarada? - quis saber ele enrrugando a testa.
Com um risinho suspirante e uma longa piscada, respondeu:
- A paixão é declarada a todo momento quando se a tem. Nem sempre em palavras, talvez muito menos em palavras, o olhar sabe dizer. Basta que o outro saiba decifrar e receber o sentimento que escapa pelos olhos. Então, já não depende mais de quem entrega tudo aquilo, mas de quem recebe, se é que recebe, se é que quer receber.
Ele, um pouco perplexo diante da resposta disse olhando pra baixo:
- Muito bem. Nos vemos na próxima semana, espero que você volte.
- Sim. Até logo.
Ela saiu pela rua pensando em telefonar a um amigo que queria ver. Não conseguiu encontrá-lo em casa e não respondeu ao celular. Desceu a ladeira pensando que os homens, independente de seu tamanho, vão sempre baixar os olhos para uma mulher que sabe o que quer.
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