cai
esvai
se vai
pelo chao
vai caindo
tudo solto
deixa morrer
pelo ar
tudo voando
vento soprando
deixa escapar
pela terra
a queda continua
acumulo de vida
deixa adubar.
quem sou eu
21.11.09
Cena I.
Precisava encontrar um laco de fita colorido pra por na cabeca. Revirava sacolas, gavetas, mancebos, haviam tambem tecidos espalhados pelos quartos e tambem pelos corredores. Haviam fantasias penduradas, penas caidas e lantejoulas espalhadas no carpete. Algumas garotas tinham perucas de macarrao, outras de espuma verde, outras de folhas de outono e uma tambem de missangas. Cada cabeca uma sentenca...mas ainda precisava encontrar o laco que me serviria na cabeca, nao queria pendurar bananas ou macarrao parafuso, nem chapeu de oncinha ou zebra. Nao encontrei o laco e amarrei um pano qualquer, sem pensar mais no assunto, pois quando todos ja haviam partido para o desfile, eu ainda estava la', no meio da bagunca dos camarins, tentando encontrar algo que eu nao conseguiria achar em poucos segundos. Ou talvez sim. Meu grupo seria o ultimo a desfilar, mas ja estava pronto, lined up, cada qual com seu instrumento. O tema do que colocar na cabeca fora resolvido, entao resolvi checar meu intrumento de percussao, uma especie de djembe de mao, pequeno e me deparei com a pele furada. Fiquei com essa imagem do instrumento sendo trocado de uma mao pra outra, como se houvesse uma solucao imediata..corri pra dentro do camarim novamente, procurando agogos, baquetas, algo que pudesse substituir meu instrumento original, afinal tudo se pode improvisar nesta vida..eis que o grupo parte para o desfile e eu fico ali, na indecisao de correr pra alcanca-los, usar qualquer coisa que tivesse encontrado pelo caminho - nao tinha encontrado agogos e sim um chocalho feito de conchas de ostras.
Cena II.
Em velocidade sob o patinete preto e prateado na doutor Arnaldo, avenida movimentada que encontra Reboucas, Paulista, Heitor Penteado. O trajeto era por ali, precisava achar o predio da sessao Pos-cirurgica do Instituto de Cancer do Hospital das Clinicas, para visitar minha avo'. Patinetes em punho, transito de Sao Paulo, sempre movimento e luzes, eu de casaco amarelho e duas sacolas, capacete. A um certo ponto, encontro minha irma, tambem de patinete, tentando se lembrar qual dos predios era o certo. Nao conseguiamos. PAravamos, perguntavamos, iamos de um lado pro outro. O horario de visitas ja se esgotara e ainda estavamos diante da portaria de um predio qualquer. Escurecia.Ainda havia a possibilidade de conseguir chegar pro turno da visita noturna. Ficamos ali, sem saber pra que lado ir, na indecisao de correr ou telefonar pra alguem que nos desse indicacoes precisas para se chegar ao hospital.
Cena III.
Caminhada pela trilha rumo a uma cachoeira. Adultos e criancas com calcas e galochas coloridas, primos que hoje tem a minha idade eram criancas naquela cena. A cachoeira era a Santa Clara, ou famosa veu-de-noiva. O trajeto era divertido, com pedras pelo meio, riachinhos pra atravessar, raizes e troncos pra pular. Barro, excursao de escola. No meio do caminho uma construcao com degraus a frente. Uma plaquinha dizendo: tirem os sapatos para entrar. Todas as criancas curiosas tirando apressadamente suas galochas e deixando-as tombar de qualquer maneira pelos degraus. Entrando no local, vejo imensas banheiras hidromassagens - tambem conhecidas como jakuzzis de diversos tamanhos, todas com a agua evaporando, algumas ja com clientes sentados, outras ainda vazia. As criancas ficaram encantadas, queriam pular em todas as banheiras. Iamos passando por todas, pelas maiores para poder escolher uma e la' pelo meio do salao encontramos Silvia sorrindo na banheira - Silvia nao mais vive conosco, mas ja esteve com a gente em uma das trilhas pra cachoeira. Silvia estava la', rindo e nos chamando pra entrar na agua quente. Nos queriamos seguir pra cachoeira, mas queriamos tambem ficar, aguas diversas -uma parada, outra corrente; uma quente outra fria; uma a ceu aberto, outra fechada a quatro paredes; a indecisao entre partir ou megulhar.
Cenas I, II e III.
Tres cenas. Tres diferentes sonhos, diferentes e iguais. Movimento e pausa. Procuras, trajetos, tempo, grupos, minha consciencia, escolha, indecisao. Todos os sonhos giram em torno desse tema - alcancar o objetivo, a confusao pra alcanca-lo, os imprevistos, o que fazer? Nenhuma solucao aparente nas cenas, a claqueta bate sempre ali, quando meus olhos encontram meus proprios olhos e fazem a pergunta, e agora?
Precisava encontrar um laco de fita colorido pra por na cabeca. Revirava sacolas, gavetas, mancebos, haviam tambem tecidos espalhados pelos quartos e tambem pelos corredores. Haviam fantasias penduradas, penas caidas e lantejoulas espalhadas no carpete. Algumas garotas tinham perucas de macarrao, outras de espuma verde, outras de folhas de outono e uma tambem de missangas. Cada cabeca uma sentenca...mas ainda precisava encontrar o laco que me serviria na cabeca, nao queria pendurar bananas ou macarrao parafuso, nem chapeu de oncinha ou zebra. Nao encontrei o laco e amarrei um pano qualquer, sem pensar mais no assunto, pois quando todos ja haviam partido para o desfile, eu ainda estava la', no meio da bagunca dos camarins, tentando encontrar algo que eu nao conseguiria achar em poucos segundos. Ou talvez sim. Meu grupo seria o ultimo a desfilar, mas ja estava pronto, lined up, cada qual com seu instrumento. O tema do que colocar na cabeca fora resolvido, entao resolvi checar meu intrumento de percussao, uma especie de djembe de mao, pequeno e me deparei com a pele furada. Fiquei com essa imagem do instrumento sendo trocado de uma mao pra outra, como se houvesse uma solucao imediata..corri pra dentro do camarim novamente, procurando agogos, baquetas, algo que pudesse substituir meu instrumento original, afinal tudo se pode improvisar nesta vida..eis que o grupo parte para o desfile e eu fico ali, na indecisao de correr pra alcanca-los, usar qualquer coisa que tivesse encontrado pelo caminho - nao tinha encontrado agogos e sim um chocalho feito de conchas de ostras.
Cena II.
Em velocidade sob o patinete preto e prateado na doutor Arnaldo, avenida movimentada que encontra Reboucas, Paulista, Heitor Penteado. O trajeto era por ali, precisava achar o predio da sessao Pos-cirurgica do Instituto de Cancer do Hospital das Clinicas, para visitar minha avo'. Patinetes em punho, transito de Sao Paulo, sempre movimento e luzes, eu de casaco amarelho e duas sacolas, capacete. A um certo ponto, encontro minha irma, tambem de patinete, tentando se lembrar qual dos predios era o certo. Nao conseguiamos. PAravamos, perguntavamos, iamos de um lado pro outro. O horario de visitas ja se esgotara e ainda estavamos diante da portaria de um predio qualquer. Escurecia.Ainda havia a possibilidade de conseguir chegar pro turno da visita noturna. Ficamos ali, sem saber pra que lado ir, na indecisao de correr ou telefonar pra alguem que nos desse indicacoes precisas para se chegar ao hospital.
Cena III.
Caminhada pela trilha rumo a uma cachoeira. Adultos e criancas com calcas e galochas coloridas, primos que hoje tem a minha idade eram criancas naquela cena. A cachoeira era a Santa Clara, ou famosa veu-de-noiva. O trajeto era divertido, com pedras pelo meio, riachinhos pra atravessar, raizes e troncos pra pular. Barro, excursao de escola. No meio do caminho uma construcao com degraus a frente. Uma plaquinha dizendo: tirem os sapatos para entrar. Todas as criancas curiosas tirando apressadamente suas galochas e deixando-as tombar de qualquer maneira pelos degraus. Entrando no local, vejo imensas banheiras hidromassagens - tambem conhecidas como jakuzzis de diversos tamanhos, todas com a agua evaporando, algumas ja com clientes sentados, outras ainda vazia. As criancas ficaram encantadas, queriam pular em todas as banheiras. Iamos passando por todas, pelas maiores para poder escolher uma e la' pelo meio do salao encontramos Silvia sorrindo na banheira - Silvia nao mais vive conosco, mas ja esteve com a gente em uma das trilhas pra cachoeira. Silvia estava la', rindo e nos chamando pra entrar na agua quente. Nos queriamos seguir pra cachoeira, mas queriamos tambem ficar, aguas diversas -uma parada, outra corrente; uma quente outra fria; uma a ceu aberto, outra fechada a quatro paredes; a indecisao entre partir ou megulhar.
Cenas I, II e III.
Tres cenas. Tres diferentes sonhos, diferentes e iguais. Movimento e pausa. Procuras, trajetos, tempo, grupos, minha consciencia, escolha, indecisao. Todos os sonhos giram em torno desse tema - alcancar o objetivo, a confusao pra alcanca-lo, os imprevistos, o que fazer? Nenhuma solucao aparente nas cenas, a claqueta bate sempre ali, quando meus olhos encontram meus proprios olhos e fazem a pergunta, e agora?
10.11.09
Longe dos olhos
Meus olhos estao fechados e sinto a pouca claridade refletida em minhas palpebras. Meu corpo esta' imovel. Nao o sinto competamente, parece haver uma consciencia distante de que ele esta ' ali comigo, acompanhada de um brando calor, quase como um vulto que nao tem peso nem consistencia. Parece que estou imersa numa piscina de nuvens de algodao, consigo ouvir ligeiramente alguns sons sem continuidade, mas e' como se os ouvisse de dentro do meu cerebro pra fora, e nao o inverso. Nao ha muito pra pensar nesse estado atual. Todas as imagens vem borradas e diluidas, sobram algumas cores mescladas, nada escuro, nada muito claro.
Existe um silencio que quer permanecer. E nao ha outra maneira de interrompe-lo, ja que meus sentidos estao adormecidos, ralentados por algum estimulo energetico que vem de fora, este porem, nao e' um estimulo como outro qualquer. Possui uma densidade que sobrepoe o peso de meu corpo, carrega um branco que nao da' luz nem a devolve, a mantem condensada. Nao possui cheiro este estimulo energetico, priva o olfato de sensacoes que os odores ou aromas lhe causam. Nao e' palpavel, nao tem uma forma definida, nem esta' diluida, e' sempre densa, se move bem lentamente.
Assim, meu corpo - como que em repouso - recebe esta energia. Fica ali, passivel de qualquer reflexo. Longe dos olhos tudo esta'.Dentro do labirinto de mim mesma, nao sinto o chao que outrora pisaram meus pes. Penso pouco. Nao ha desespero, nem dor, nem consciencia do tempo que passa. Apenas a retinta luz, o espaco das quatro paredes, a colcha quadriculada, a aquecedor soltando vapor. Permanecerei o tempo que precisar.
Existe um silencio que quer permanecer. E nao ha outra maneira de interrompe-lo, ja que meus sentidos estao adormecidos, ralentados por algum estimulo energetico que vem de fora, este porem, nao e' um estimulo como outro qualquer. Possui uma densidade que sobrepoe o peso de meu corpo, carrega um branco que nao da' luz nem a devolve, a mantem condensada. Nao possui cheiro este estimulo energetico, priva o olfato de sensacoes que os odores ou aromas lhe causam. Nao e' palpavel, nao tem uma forma definida, nem esta' diluida, e' sempre densa, se move bem lentamente.
Assim, meu corpo - como que em repouso - recebe esta energia. Fica ali, passivel de qualquer reflexo. Longe dos olhos tudo esta'.Dentro do labirinto de mim mesma, nao sinto o chao que outrora pisaram meus pes. Penso pouco. Nao ha desespero, nem dor, nem consciencia do tempo que passa. Apenas a retinta luz, o espaco das quatro paredes, a colcha quadriculada, a aquecedor soltando vapor. Permanecerei o tempo que precisar.
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