quem sou eu

19.4.11

Regresso II

Entretanto chegou chorando.
Conhecia aquela dor,
uma dor que não é pequena
nem grande
parecendo não haver tamanho
algo como um espaço que ocupa
neutralizando as sensações
desprovocando a curiosidade
extasiando a vontade
esmorrecendo o ímpeto
e finalmente
acalentando o sono.

Aquela dor já conhecida
lhe provocava sono,
fino prazer dos olhos molhados
e levemente inchados;
o nariz a escorrer,
a cabeça enfadada ao travesseiro
as pernas e o tronco
encolhidos como caramujo
para proteger-se.

A proteção é fictícia.
A dor talvez não.
Quando a sente,
não sabe bem raciocinar,
nem dizer, nem buscar palavras.
Fica ali, se banhando,
achando que não vai passar,
que tudo está errado,
que os sonhos nunca mais voltarão,
e que a saudade se amontoa em cima de gente que acorda distante.

Portanto, deixou-se levar.

Até que o sono veio e apagou tudo.

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