Entretanto chegou chorando.
Conhecia aquela dor,
uma dor que não é pequena
nem grande
parecendo não haver tamanho
algo como um espaço que ocupa
neutralizando as sensações
desprovocando a curiosidade
extasiando a vontade
esmorrecendo o ímpeto
e finalmente
acalentando o sono.
Aquela dor já conhecida
lhe provocava sono,
fino prazer dos olhos molhados
e levemente inchados;
o nariz a escorrer,
a cabeça enfadada ao travesseiro
as pernas e o tronco
encolhidos como caramujo
para proteger-se.
A proteção é fictícia.
A dor talvez não.
Quando a sente,
não sabe bem raciocinar,
nem dizer, nem buscar palavras.
Fica ali, se banhando,
achando que não vai passar,
que tudo está errado,
que os sonhos nunca mais voltarão,
e que a saudade se amontoa em cima de gente que acorda distante.
Portanto, deixou-se levar.
Até que o sono veio e apagou tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário