quem sou eu

20.2.16

De passagem, o passante

assim quando chega, despretenciosamente, ou com algum plano em mente
carinhosamente ocupa o espa
ço, lança o olhar terno, se afaga mansamente,
passa silenciosamente, mas sempre deixa um rastro de 'estou aqui, pra você'


e se você nao me vê, estou a espiar pela janela, o céu, os passaros ao longe
e se você nao me ouve, estou a te chamar em pensamento, com a calma que preciso ter.

então o passante passa o dia em busca de intempéries, aventuras, amizades
outros cheiros, outros portões, outras janelas, outras paisagens
sobe e desce a ladeira, atravessa a rua, pula um muro, descobre o outro lado

quando eu voltar, quero te encontrar, te ver debaixo pra cima, tua beleza no alto
quando eu te encontrar, vou me achegar bem perto, tocar teu colo docemente.

durante a noite fica misterioso, tenro, eufórico e atiç
ado,
o que lhe desperta os sentidos seria o som, o escuro, a sombra, a lua?
vem passando, deixa o seu calor, roçando levemente a nuca, a orelha

e num ímpeto, eu arranho a ti e a tua roupa, te rasgo delicadamente a pele,
preciso me sentir vivo, eu quero estar vivo ao teu lado e te amar como posso.

pela manhã o passante adormece, fecha as pestanas como quem não vai abrí-las,
faz preguiça e fica com ar de quem vive de sonhos, em seu próprio mundo,
como se nada importasse, a não ser estar ali, lado a lado, emanando calor.


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