foi um vendaval no jardim noturno.
arrancou raízes, fez desabrochar flores de todos os tipos. esmiuçou toda a terra em pequeníssimos grãos que continham temor e ardor. perfumou e asfixiou as plantas todas. desenterrou sementes vazias e ocultas que dormiam no solo profundo. tudo ficou incrivelmente revirado, mais que poeira no ar. uma névoa de desejo sobrevoando as noites com lua, comprimindo a face contra a ilusão.
foi mais que um brilho na retina, cegou a visão. vedou o que não se podia sonhar.
agora estão todos passeando pelo quintal. sem vontade de chegar em lugar algum. nem de fugir, nem de se enterrar novamente. estão simplesmente livres, vadiando no terreno que lentamente se recupera. que vagarosamente recolhe suas sementes outrora lançadas com ímpeto pra qualquer direção. vão divagar um pouco, olhar pro céu, tentar contar estrelas...
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