quem sou eu

3.7.06

Raiz Forte

Se o movimento pede uma cadência, momento da água se espalhar. Deixá-la circular. Em abrangência, a todos os lados rolar. Tempo de limpeza clara, como lençol molhado no varal tomando vento.

Água benta. Pura e iluminada. Lava um coração imperfeito. Leva consigo as manchas de impurezas e dores incolores. Veste-o como uma luva protegendo do frio. Salva-o de sua cor rubro sangue, inundado de inquietações.

A completude de um ciclo; uma a conversa franca e alva como essa água preenche os caminhos que circundam nosso labirinto interno. A boca pede mais que sorrir e mais que beijar. Saber falar. De dentro, daquilo que se sente, se pensa, de tudo que não se entende, não se declara. De sensações truncadas. De desgosto amargo. De tristeza sem culpa.

Somos um caldeirão, laçando chama, borbulhando em vapor. Exalando odor, instigando o outro a provar nosso sabor. Mas um paladar atento sente todas as especiarias de um caldo suculento. Sabe distinguir cada elemento, degustar até os sabores mais excêntricos e apreciar o valor que sai de cada gole sedento. E quem não aprecia, não reconhece a verdadeira raiz, a fonte de onde tudo brota.

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