Quinze. Ja se somam 15! Me lembro da primeira chegada, na Picadilly line, o telhado cinzento das casas fazia parte da palheta de cores das nuvens do céu, o som estridente das portas do metro a cada estação, as pessoas quietas sentadas nos vagões. A partida de Heathrow Airport é lenta, a mudança em Green park, uma caminhada por debaixo da terra. Fazia uns bons anos que não regressávamos de metro, acho que pra mais de seis. Me recordo bem de como pensava: que lugar é esse que não me traz euforia? Que lugar é esse quieto e plano? E no trajeto de hoje, eu sei bem que lugar é esse, e o sentimento de cada regresso é um tanto parecido, brando.
Chegar em casa é sentir o cheiro do velho conhecido. A casa fria, porém limpa, o sono caindo nas pálpebras. Tirar uma soneca, acordar e pedir sushi. Comer e guardar as roupas dela. Limpar as gavetas, o cabideiro, pegar as bonecas, ouvir suas conversas, curtir suas risadas, ela fica feliz quando chega, Luara. Dessa vez não perguntou de ninguém. Eu com o coração murchinho sempre fico ali, escorre uma lágrima e outra e me olho na descrença de ainda continuar a repetir um hábito que não alimenta minha alma, não na hora em que se parte de la, não na hora em que se chega. Talvez com o passar dos dias, quando a vida volta a escorrer pelas mãos. Talvez quando eu reflita que se faça necessário por algum processo cármico, mas que muitas vezes distancia de minha conexão mais profunda com o que eu acredito que seja essencial pra minha vida.
O regresso é conhecido, feito sem festejo. E me pergunto, mas se na vida não for o festejar, o que será? Encontrar os amigos assim que der, casamento desatado. Na esperança de ter todos os nós também desatados.
Jan 2024
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