quem sou eu

2.12.10

véu de neve

vai caindo assim, de pouquin em punhadin
leve como pluma, branca como nuvem
devararin vira um montão
cara de algodão
traz branda sensação
de estar no deserto
e sozinho no mundo
frágil diante de tanto gelo,
completamente suscetível
ao que o céu imenso
tem pra oferecer;
o vazio de cor
o silencio dos pontinhos
brancos em movimento
a temperatura tão baixa
que o corpo luta
dentro
para aquecer
resplandecer
não adormecer
e nesse incessar do corpo
não querer se calar frágil
não podendo vencer o tempo
nem se render à poesia
da ausencia de luz no fim do dia,
todo um coração se enternece,
vai balançando como os flocos de neve
de um lado para o outro,
numa lenta dança que sempre acontece
e vai deitar-se nos outros pontinhos brancos
que já se achegaram de outro ceu,
deita macia no todo
em cima de outros todos
dentro porém o edredon branco como a neve
chama por aquele mesmo corpo
pequeno diante da imansidão,
clama no pé do ouvido baixinho
acariciando os sonhos
a levidade do sono
que invade os olhos
quando a paisagem branca olha.

deita um corpo. sonha no sonho.
ao acordar, vê o branco no escurecer.

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